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Pluralidade dos Mundos Habitados: estamos sós no Universo?

Por: Francimar Barboza



“Se é verdade que Deus criou vida apenas na Terra,

o Universo é um tremendo desperdício de espaço”.

(Carl Sagan)




Li a frase em epígrafe no cartaz de divulgação do I Congresso Internacional de Ufologia de São Paulo, no final da década de 1990, e, admirado com o conteúdo e mensagem que expressava, pensei, cá com os meus botões: se o astrofísico Carl Sagan admitiu a possibilidade de existência de vida em outros contextos planetários que não a Terra, quem sou eu para questioná-lo?

Mas fiquei, como dizia meu saudoso pai, com a “pulga detrás da orelha”, questionando, inquirindo e tentando brigar com tal assertiva tão instigante e assaz polêmica para os padrões cartesianos de visão cosmogônica da maioria de nós, seres humanos, imperfeitos e orgulhosos.

A partir do encontro com esse provocativo cartaz do referido Congresso, encetei uma desesperada busca por argumentos que viessem se contrapor ao consagrado cosmólogo americano, uma das mais notáveis inteligências do Século XX. Ora, pois! quanto atrevimento e audácia da minha parte! Pus-me, então, a pesquisar.

Para minha surpresa, em busca de respaldos teóricos para minha contra argumentação ao Dr. Sagan, encontrei maciço material que corroborava a ideia do cientista nascido no Brooklyn. Inclusive, publicações escritas muito – mas muito mesmo! – antes dele. Simplesmente ele não estava dizendo nada de novo, para minha completa estupefação.

Vamos aos fatos. Ou melhor: vamos às pesquisas.

Sir James Jeans, que tem nome de astro de Hollywood ou de grife de roupas, foi um grande matemático, físico e astrônomo inglês muito condecorado na primeira metade do século que passou. Em The Universe Around Us (O Universo ao Nosso Redor), de 1934, ele realiza uma analogia comparativa muito interessante. Ele apresenta a Via Láctea – a galáxia em que está inserido o nosso sistema solar – em escala infinitamente reduzida nessa comparação a fim de possibilitar o nosso entendimento.

Comparativamente, a Via Láctea corresponderia à distância que vai do extremo norte da América do Norte ao extremo sul da América do Sul. O nosso sistema solar corresponderia – pasme! – ao diâmetro de uma moeda de 20 centavos. Só em Júpiter, maior planeta do nosso sistema solar, existe espaço geofísico para comportar 1200 globos como o nosso. Logo, a nossa querida e estimada Terra representaria nesse contexto um mísero grão de areia.

Para termos uma breve ideia do que isto significa embarquemos na FRANAVE – astronave que inventei ainda há pouco – e vamos explorar a via láctea.

Consideremos que a FRANAVE – adorei esse nome! – se desloque à velocidade da luz, aproximadamente 300 mil quilômetros por segundo, e que partíssemos do Brasil em direção a uma extremidade qualquer da galáxia, nós levaríamos 50.000 anos-luz para realizarmos nossa insólita viagem. Considerando que um ano-luz corresponde a três milhões de anos, precisaríamos de inúmeras encarnações para concluir esse percurso em 150 bilhões de anos! Dá pra imaginar a imensidão da nossa galáxia? E o Universo, então, nem pensar!

Voltando ao Sir James Jeans, a astronomia presume que, em cálculos modestos, existam 200 bilhões de planetas em nossa galáxia. Por hipótese, tivéssemos 1% desses planetas com mesmas condições geológicas e idade semelhante à Terra, teríamos dois bilhões de planetas com as condições que caracterizam o nosso planeta. Desses dois bilhões tomemos a hipótese de que 1% reunissem condições de vida semelhantes à terra, contaríamos com cerca de vinte milhões de planetas iguais ao nosso e, provavelmente, com vida inteligente.

O astrônomo brasileiro Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, ex-diretor do observatório astronômico do Rio de Janeiro, e autor do livro Em Busca de Outros Mundos (1981), além de várias outras obras, que declara-se cético com relação à Ufologia ter o status de Ciência, admitiu na obra citada que existem catalogados pelo menos 50 sistemas planetários semelhantes ao nosso e 600 mil planetas com chance de desenvolvimento de vida, o que aumenta a proporção para a hipótese de vida extraterrena.

E como o Espiritismo se posiciona com relação a essa fascinante temática?

Em O Livro dos Espíritos, o codificador Allan Kardec destina as perguntas de número 55 a 58 a esse assunto e que não vou reproduzir o conteúdo aqui justamente para atiçar a curiosidade do leitor para que consulte a obra, leia essas questões e infira suas próprias conclusões. Mas posso adiantar que, para a Doutrina Espírita, acreditar que só existiria vida na Terra seria desconsiderar a sabedoria e inteligência de Deus, pois não haveria porque existir o Universo uma vez que a vida só se instalaria aqui, seria, portanto, o nosso sistema solar mais que suficiente. Para o Espiritismo existem vidas inteligentes espalhadas pelo Universo, cujas organizações físicas, biológicas e sociais são bem distintas da nossa e por isso não são captáveis e perceptíveis aos nossos instrumentos eletrônicos. Mas recomendo a leitura dos tópicos aqui destacados para que se tenha uma compreensão mais exata e fidedigna do entendimento proposto pela Doutrina dos Espíritos. Minhas palavras são insuficientes para elucidar o ponto de vista contido na obra.

Nas questões 172 a 188 o assunto é retomado e trata, especificamente, do ponto de vista da reencarnação em diferentes mundos. Ou seja, eu, você, nós, já passamos por diferentes mundos e haveremos ainda de transitar em incontáveis outros orbes objetivando o nosso aprimoramento e aperfeiçoamento individual – como Espíritos em evolução contínua – e coletivo – como integrantes da abrangente Família Universal.

E fico por aqui reconhecendo que Carl Sagan estava certo: o Universo não é um tremendo desperdício de espaço.

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